domingo, 3 de maio de 2009

O Ferreiro


Havia um ferreiro que, após uma vida de excessos, resolveu consagrar sua vida a Deus.
Durante muitos anos trabalhou com afinco, praticou a caridade, mas, apesar de toda sua dedicação nada parecia dar certo na sua vida.
Muito pelo contrário. Seus problemas e dívidas acumulavam-se cada vez mais.
Uma bela tarde, um amigo que o visitara, e que se compadecia de sua situação difícil, comentou:

“É realmente estranho que, justamente depois que você resolveu se tornar um homem temente a Deus, sua vida começou a piorar. Eu não desejo enfraquecer sua fé, mas apesar de toda sua crença no mundo espiritual, nada tem melhorado.”

O ferreiro não respondeu imediatamente. Ele já havia pensado nisso muitas vezes, sem entender o que acontecia em sua vida. Entretanto, como não queria deixar o amigo sem resposta, encontrou uma explicação.
Eis que o ferreiro disse:
“Eu recebo nessa oficina o aço ainda não trabalhado e preciso transformá-lo em espadas. Você sabe como isto é feito?”
“Primeiro aqueço a chapa de aço num calor absurdo, até que fique vermelha. Em seguida, sem qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e aplico golpes até que a peça adquira a forma desejada. Logo, ela é mergulhada num balde de água fria e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor. Tenho que repetir esse processo até conseguir a espada perfeita. Uma vez apenas não é suficiente.

O ferreiro deu uma longa pausa, pensou e continuou.
“As vezes, o aço que chega até minhas mãos consegue aguentar esse tratamento. O calor, as marteladas e a água fria terminam por enchê-lo de rachaduras. E eu sei que jamais se transformará numa boa lâmina de espada. Então, eu simplesmente coloco num monte de ferro-velho que você viu na entrada de minha ferraria.”

Mais uma pausa e o ferreiro concluiu:
“Sei que Deus está me colocando no fogo das aflições. Tenho aceito as marteladas que a vida me dá, e às vezes sinto-me tão friu e insensível como a água que faz sofre o aço. Mas a única coisa que eu peço é: Meu Deus, não desista, até que consiga tomar a forma que o Senhor espera de mim. Tente da maneira que achar melhor, pelo tempo que quizer, mas jamais me coloque no monte de ferro-velho das almas.”
Que quando as marteladas da vida, o fogo das aflições, ou a água fria do desânimo vier a nós! Lembremos de quem é o nosso Ferreiro! Que nos ama, e nos prova para nos aperfeiçoar!
Uma semana dedicada ao Senhor!
(este texto foi enviado pelo irmão Tadeu)